sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

CIE 1931

A colorimetria tornou-se tecnicamente viável quando foram apresentadas as Recommendations offi cielles de la Comission Internationale de l’Eclairage (1931) (Schanda, 1998) determinadas pela sistematização das funções de misturas de cores necessárias para um observador padrão dentro de um campo visual de 2o, em condições específicas de iluminação.
A retina humana possui três tipos de cones, com sensibilidade máxima em diferentes regiões do espectro visível, mas com grande sobreposição entre as faixas espectrais de absorção de luz. As diferentes misturas das três primárias possibilitam a formação de todas as cores possíveis de serem percebidas pelo homem. Dessa forma, as cores podem ser obtidas quando se têm as proporções
adequadas para cada primária. Essa mistura ocorre quando cores-luzes coincidem no espaço e no tempo de modo a serem vistas como uma única cor-luz (Rodrigues, 2003).

O sistema de cores CIE 1931 (XYZ) é conhecido pelo seu diagrama
de cromaticidade . A forma tridimensional do sistema pode ser obtida calculando-se as coordenadas do terceiro eixo (Y), o eixo de luminância, às coordenas dos dois eixos de cromaticidade (x e y).
No diagrama estão representadas não apenas as cores puras ou monocromáticas como, também, as misturas delas para cada coordenada cromática. As coordenadas para as cores puras são representadas no locus espectral, o qual ocupa mais de dois terços da borda do diagrama, correspondendo aos comprimentos de onda entre 380 nm e 780 nm. O branco, por sua vez, está localizado na sua porção mais central (x = 0,33; y = 0,33) e a sua determinação resulta da
combinação dos três comprimentos de onda adoptados como primárias, 700 nm, 546,1 nm e 435,8 nm. Esses valores foram obtidos por Guild (1931, citado por Wright, 1996/1998) em um de seus experimentos e estão bem próximos dos encontrados por Wright (1929) (Wright, 1969/1998; Simões, 2004).
Diagrama de cromaticidade x,y do CIE 1931.
As linhas tracejadas apresentam dados do experimento de Werner e Walraven (1982) citados por Werner (1998) (Backhaus, Kliegl & Werner (Eds.). 1998. Color Vision: Perspectives from different disciplines. Berlin: de Gruyter).

No sistema, X, Y e Z representam cada um dos valores absolutos da
mistura de cores das três primárias necessárias para a equiparação com cada uma das cores espectrais. Os valores de x, y e z representam as coordenadas de cromaticidade e são obtidas pelas fórmulas: x = X/(X+Y+Z), y = Y/(X+Y+Z) e z = Z/(X+Y+Z).

Na representação gráfica do diagrama, as informações são
representadas em x, y e Y. As coordenadas x e y são os coeficientes correspondentes às quantidades relativas de dois das três primárias e a da terceira, z, é obtida por diferença, uma vez que x + y + z = 1, ou seja, z = 1 – x – y. Estas três coordenadas correspondem às proporções de cada uma das três primárias para constituir cada cor espectral. Desta forma, as cores têm informações nas três dimensões, enquanto o branco e o preto estão apenas no eixo Y que representa o nível de luminância expresso em cd/m2 (Kaiser & Boynton, 1996).
O CIE 1931 vem sendo utilizado sem alterações substanciais desde a
sua concepção. Alguns pontos foram interpolados ou aprimorados, seus valores numéricos foram expressos com aproximação de sete dígitos, mas os fundamentos continuam os mesmos (Schanda, 1998).
Há muitas limitações que hoje são mais conhecidas. Uma delas é a situação hipotética de iluminação que não representa as situações quotidianas de percepção das cores. Outra limitação é o facto de não representar fielmente o sistema da visão de cores humana (Kaiser & Boynton, 1996). Como não se tem, ainda, um sistema que reproduza fielmente a percepção de cores humana e sua respectiva
representação, o diagrama de cromaticidade CIE 1931 e suas modificações ainda são muito utilizados em métodos psicofísicos de avaliação da visão de cores.

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