segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

ESPAÇO E SISTEMAS DE COR

Retrospectiva Histórica
Entre os primeiros registos de espaços de cores, pode-se destacar o trabalho de Pitágoras (cerca 570-500 a.C.), que criou um espaço de cores semicircular relacionando as notas da escala musical de tons e meio tons aos planetas que, por sua vez, eram representados por determinadas cores.

Espaço de Cores de Pitágoras (www.colorsystem.com).

Aristóteles (384-322 a.C.) apresentou seu espaço de cores numa sequência linear, do branco ao preto, compreendendo cinco cores entre elas. Nesse estudo, a luz branca da Lua tinge-se de amarelo, ao longo do dia torna-se laranja e, em seguida, vermelho, violeta, verde e azul, chegando, então, ao preto, que representa a escuridão da noite. Aristóteles foi, provavelmente, o primeiro a investigar a mistura de luzes quando observou a formação do verde numa parede de mármore branco, após a passagem de um feixe de luz branco por dois
fragmentos de vidro nas cores azul e amarelo, respectivament(Fisher, 1999).
O inglês Robert Grosseteste (cerca 1170-1253 d.C.), primeiro Chancellor da Universidade de Oxford, apresentou seu espaço de cores no livro De Colore, de 1230. Neste espaço, o branco (“albedo” ou “lux clara”) e o preto (“nigredo” ou “lux obscura”) estão separados das demais cores, localizados
em dois extremos do mesmo eixo, como a maioria dos espaços de cores utilizados actualmente (Fisher, 1999). De acordo com Gage (2001), a sequência do branco ao preto, que determina uma escala de cinza, foi anteriormente demonstrada por Avicenna (980-1037).
Por volta de 1435, Leon Battista Alberti (1404-1472), no seu livro Della Pintura, apresenta um espaço de cores baseado em duas oponências cromáticas:
verde-vermelho e azul-amarelo. Essas duas oponências cromáticas constituíram, séculos mais tarde, o cerne da teoria de oponência de cores de Ewald Hering (1839) e tiveram as suas bases funcionais comprovadas por métodos electrofisiológicos por (De Valois, Abramov, & Mead, 1967). Alberti, inseriu também, a forma tridimensional da representação dos espaços de cores, embora ainda não fosse baseada em arranjos circulares (Fisher, 1999; Mollon, 2003).
No início do século XVII (1611), o astrónomo finlandês Aron Sigfrid Forsius (também conhecido como Siegfried Aronsen; cerca 1550-1637), um dos precursores desse campo, apresentou um espaço de cores em forma de círculo e, a partir do mesmo, estabeleceu um espaço esférico (Fisher, 1999; Gage, 2001; Parkhurst & Feller, 1982).
Pouco depois, em 1613, o jesuíta belga Franciscus Aguilonius (1567- 1617) incluiu na sua teoria um espaço de cores que foi, provavelmente, o primeiro deles concebido com as três cores-pigmentos primárias: “flavus, rubeus e caeruleus” (amarelo, vermelho e azul). As ilustrações de seu trabalho foram feitas por Paul Rubens que recebeu forte influência desta teoria de cores nas
suas obras (Campenhausen, 2001; Fisher, 1999; Jaeger, 1984).
O médico inglês Francis Glisson (1597-1677) apresentou, em 1677,
um trabalho sólido baseado nas primárias vermelho, amarelo e azul da mistura de cores, numa escala de cinzas composta por 23 etapas entre o branco e o preto. Juntamente com Forsius, Glisson também é considerado um precursor dos sistemas de cores (Fisher, 1999; Gage, 2001; Kuehni & Stanziola, 2002).
Isaac Newton (1642-1727), com o auxílio de um prisma, comprovou
no Experimentum Crucis, que as cores-luzes, nomeadas por ele como “rubeus, aurantius, flavus, viridis, caeruleus, indicus e violaceus” (vermelho, alaranjado, amarelo, verde, azul, índigo e violeta), são cores componentes da luz branca.
Em 1704, Newton publicou o seu primeiro livro, Opticks, apresentando o espaço de cores em forma de círculo.
Trata-se do disco de Newton:
A rotação de um disco iluminado com luz branca e pintado com a sequência de cores do espaço de Newton resulta, para o observador, num disco branco. A partir desse momento, todos os outros espaços de cores não mais incluiriam o branco e o preto dentre as cores do espectro visível. No seu espaço de cores, as cores localizadas na borda da circunferência, as quais correspondem às cores do espectro luminoso, sendo essa região então chamada de locus espectral,
estão representadas na sua maior saturação ou pureza do matiz. Conforme se aproximam do centro da circunferência conservam o matiz, mas vão incorporando quantidades crescentes de branco, reduzindo a saturação do matiz.
Apesar da grande maturidade na elaboração deste espaço, Newton incorporou uma analogia com a escala musical e não se preocupou com uma maior elaboração sistemática das cores. No seu espaço não puderam ser representadas as gamas de púrpuras que são compostas pela mistura das cores das duas pontas da refração do prisma, mas Newton deixou por escrito uma referênciaa essa limitação (Mollon, 2003; Paramei, 2004).

Espaço de cores de Isaac Newton (www.colorsystem.com).

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