quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

TEORIA DA MISTURA DE CORES

Retrospectiva Histórica
Em meados do século XIX (1853), o matemático polonês Hermann
Gunter Grassmann (1809-1877) publicou uma teoria da mistura de cores que incluía um conceito fundamental para os futuros sistemas a serem concebidos:
a complementaridade das cores, por meio da qual cada ponto em um círculo de cores tem, dentro deste, um complementar (Mollon, 2003). Nesse mesmo período, emergiram os fundamentos básicos para a hipótese de que, uma vez que a luz chega aos olhos, existem três classes de fotorreceptores cones responsáveis pela visão de cores. Essa hipótese foi formulada claramente por Hermann von Helmholtz (1821-1894) e James Clerk Maxwell (1831-1879). Helmholtz, que contribuiu imensamente para a oftalmologia, neurologia e físico-química, foi o introdutor de um conceito
fundamental para os espaços de cores criados no século XX: a demonstração das diferenças nas misturas de cores provenientes de luz (cores-luzes) e de cores provenientes de pigmentos (cores-pigmentos) o que originou a terminologia:
mistura aditiva para as cores-luzes e mistura subtractiva para as cores pigmentos.
Helmholtz também é o precursor dos diagramas de cromaticidade.
O seu espaço de cores foi considerado o primeiro diagrama de cromaticidade e exerceu forte influência na construção do diagrama de cromaticidade CIE 1931. O espaço de Helmholtz diferencia-se dos anteriores também pelo facto de apresentar a gama de púrpuras originada perceptualmente pela combinação das cores situadas nas extremidades do espectro.

Espaço de cores de Hermann von Helmholtz (www.colorsystem.com/)

Maxwell, por sua vez, foi o responsável pelas primeiras curvas empíricas de misturas de cores-luzes. O seu modelo era baseado num sistema prismático com 3 fendas, cujas aberturas podiam ser variadas, utilizando várias combinações de comprimentos de onda para a aquisição do branco e, dessa forma, poder obter as curvas de misturas de cores para a reprodução dos comprimentos de onda do vermelho ao violeta. Baseado nessas curvas, Maxwell criou um diagrama de cromaticidade no qual o locus espectral foi determinado pelas proporções das primárias obtidas por seu método psicofísico. Esse método para estimar a sensibilidade espectral dos fotorreceptores da retina foi reproduzido por Helmholtz e Arthur König (1856-1901). O experimento de König, juntamente
com Dieterici, foi feito com a participação de indivíduos tricromatas,
protanopes e deuteranopes e, a partir desses dados, foram apresentadas as curvas de sensibilidade espectral dos fotorreceptores de um indivíduo tricromata normal: as três curvas de absorção das opsinas dos cones (1886) e a curva de absorção da rodopsina dos bastonetes (1894) (Fisher, 1999; Mollon, 2003).
No fi nal do século XIX, o fisiologista alemão Ewald Hering (1834-
1918) desenvolveu a teoria de oponência das cores contrapondo-se a Helmholtz e Maxwell.

Com a teoria das oponências, Hering propôs que a experiência da
cor resulta da análise, pelo sistema nervoso, das cores em pares opostos. O verde opondo-se ao vermelho. O azul ao amarelo. Assim, explicou o porquê de não sermos capazes de ver “verdes avermelhados” ou “azuis amarelados” e também as pós-imagens negativas que vemos. Mais tarde, adicionou aos canais verde-vermelho e azul-amarelo, o canal branco-preto. A sua teoria de processos oponentes e a teoria tricromática de Young-Newton foram consideradas antagônicas por um longo período. Num de seus ensaios, Hering indica, numa nota de rodapé, a co-existência desses dois modelos, a oponência de cores e a tricromacia, no sistema visual humano (Kaiser & Boyton, 1996).
Em conferência informal realizada no dia 5 de fevereiro de 1969, para o Colour Group of Great Britain, W. David Wright (Kaiser & Boyton, 1996),
acrescentou algumas contribuições das pesquisas realizadas na área de visão de cores que foram essenciais para a concepção de espaços que possibilitassem a utilização padronizada de medições e especificações de estímulos cromáticos em suas diversas aplicações. Dentre essas contribuições estão as citadas nos parágrafos anteriores desenvolvidas por Grassmannn, Helmholtz,
Maxwell, König e Dieterici e, de acordo com Wright, os experimentos, ajustes e deduções das curvas de sensibilidade espectral, realizados nas três primeiras décadas do século XX, pelo físico inglês William Abney, seu colega no Imperial College, e os americanos R. E. Ives e E. A. Weaver.
Todas essas descobertas científicas contribuíram para a consolidação dos conceitos básicos da visão de cores e da representação dos mesmos nos espaços a serem concebidos ao longo do século XX. Esses espaços
tiveram como referência, em sua grande maioria, o Sistema de Cores Munsell, para os sistemas de aparência de cores e o CIE 1931, para os sistemas de diferenças de cores.
Alguns anos mais tarde, com a utilização da microespectrofotometria, George Wald (1906-1997) – Prêmio Nobel em Fisiologia ou Medicina (1967) – juntamente com Paul K. Brown, apresentaram as curvas de sensibilidade espectral dos fotoreceptores humanos (Brown & Wald, 1964), simultaneamente a Marks, Dobelle e MacNichol (1964) – em dois artigos da Science. Esses dados impulsionaram diversos cientistas da visão de cores a proporem modificações com a intenção de actualizar os diversos sistemas de cores construídos antes dessa data. Ainda assim, os mais utilizados continuam sendo:

- o Sistema de Cores Munsell e o CIE 1931

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